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Como surgiu o violão? Saiba tudo sobre a origem desse instrumento musical

Embora seja um dos instrumentos preferidos dos estudantes de música, poucos deles sabem como surgiu o violão. Para falar a verdade, a origem desse instrumento é controversa mesmo para os especialistas.

Sua história é bastante curiosa. Segundo uma das versões de seu surgimento, o violão pode ter quase 4.000 anos, tendo se desenvolvido tanto desde sua primeira aparição que não seria exagero dizer que se transmutou em vários instrumentos.

No Brasil, tocar violão já foi considerado de mau gosto. Os antigos seresteiros eram vistos como boêmios ou marginais, preconceito que, felizmente, ficou para trás. Hoje, o violão é um dos instrumentos musicais mais adorados do Brasil e do mundo.

Neste artigo, você confere tudo sobre como surgiu o violão, as partes que compõem o instrumento, sua importância na Música Popular Brasileira e muito mais. Continue a leitura até o fim!

Afinal, como surgiu o violão?

O violão é tão antigo que, sobre seu surgimento, só nos restam hipóteses. Dentre essas especulações, duas são mais famosas: a de que ele teria surgido a partir do alaúde e a de que sua origem foi a partir da cítara romana.

Se ele tiver mesmo se desenvolvido do alaúde — um instrumento dos árabes que invadiram Portugal e Espanha na Idade Média — o que houve foi uma adaptação em relação àquele instrumento: o alaúde tinha 11 cordas (5 duplas e uma simples), ao passo que o violão moderno possui 6 cordas simples.

Além disso, a mão do alaúde formava um ângulo de 90 graus em relação ao braço, e seu corpo era arredondado e em formato de pera.

A versão que diz que ele teria se desenvolvido da cítara romana é ainda mais obscura. Quase não há registros sobre como isso aconteceu, exceto que o instrumento teria se popularizado pela Europa graças à dominação do Império Romano do Ocidente.

A importância social da música

Seja como for, teria havido um desenvolvimento gradual por todo o século 18 até que, cerca de 100 anos mais tarde, o luthier espanhol Antonio de Torres Jurado fixou suas medidas da forma como as conhecemos hoje.

O desenvolvimento dos instrumentos musicais se dá em paralelo à importância que atribuímos à música em cada época. O que Antonio Torres fez, por exemplo, foi adaptar os violões antigos para o papel que os músicos do romantismo precisavam.

Com a nova caixa acústica em forma de 8 e maiores proporções, o som do violão podia ser ouvido mais longe, o que o permitia acompanhar outros músicos em apresentações ao ar livre. Então, a partir dessa data, há registros de apresentações de violonistas junto de pequenas formações orquestrais, por exemplo.

Assim como acontece com as outras artes, a música se desenvolve paralelamente às mudanças técnicas, tecnológicas, políticas e sociais. Questionando ou reafirmando essas modificações, ela é uma forma de expressão e o espírito de seu tempo.

As partes que compõem o violão

Por tudo que dissemos até aqui, você já deve ter concluído que responder à pergunta sobre quem inventou o violão seria muito difícil. O que tivemos foi uma evolução gradual do instrumento até chegar à sua forma atual.

Essa configuração de cordas de 65 cm de distância (quando estendidas), afinação em quartas e um quinta (de cima para baixo, as cordas são: mi, lá, ré, sol, si e mi) mostrou-se incrivelmente versátil para um instrumento de cordas.

Hoje, ele pode ser ouvido executando acompanhamento para cantores ou outros instrumentos solistas, em solos explosivos na música flamenca ou mesmo em concertos de jazz ou música erudita, performando base e solos ao mesmo tempo.

Como dissemos, o formato em 8 contribuiu para a projeção do som, mas não é o único responsável pela versatilidade. O som das cordas (que podem ser de náilon ou aço) é transmitido à caixa acústica do violão através do rastilho, peça que fica no corpo, e define a clareza das notas quando tocadas juntas ou separadamente.

O trabalho notável de Antonio Torres de Jurado foi na escolha das madeiras, algo que gera muita discussão e intriga os luthiers até os dias de hoje. Luthiers são os profissionais encarregados da construção dos instrumentos musicais.

Eles recorrem quase sempre a madeiras como cedro (para o tampo), jacarandá (para a escala) e outras como o mogno para as demais partes.

O violão na música popular brasileira

Segundo a musicista e historiadora Márcia Taborda, o violão chegou ao Brasil antes da Corte Portuguesa. Os padres jesuítas e os indígenas já tocavam a viola francesa — um instrumento de quatro cordas duplas — em suas celebrações religiosas.

De coadjuvante na Colônia e no Império, o violão tornou-se protagonista no século 20. Acompanhou os sambistas, apareceu nas serestas, fez base para os grandes cantores da Era do Rádio e, depois, foi parte central dos arranjos de Bossa Nova, aparecendo na letra de Corcovado, de Tom Jobim e Vinícius de Moraes:

Um cantinho, um violão

Este amor, uma canção

Pra fazer feliz a quem se ama

Depois, esteve na MPB dos anos 70 e 80, na mão de instrumentistas como Toquinho, Baden Powell, Guinga, Yamandu Costa e tantos outros.

Apareceu tocado por Toninho Horta e Milton Nascimento enquanto executavam as músicas do Clube da Esquina, fez base para o rock da Legião Urbana e as composições de Lulu Santos e aparece nas grandes canções brasileiras até hoje.

Desde sempre, o violão e a MPB são inseparáveis. Segundo Guinga, assim como em muitas casas da Europa se encontra um piano, é quase certo que, se houver um instrumento em alguma residência brasileira, ele será um violão.

Não é fácil precisar como surgiu o violão, ou mesmo quando isso aconteceu. Uma coisa, no entanto, é fato: o som de suas cordas de aço ou náilon está eternizado na História da Música Popular Brasileira, independentemente da época.

Agora que você já conhece a origem do violão e um pouco da sua história, que tal experimentar esse instrumento na prática? Não deixe de conferir nosso artigo sobre como ler cifras. Assim, você já começa a aprender os primeiros acordes nas seis cordas.