Biografia
Américo Jacomino, mais conhecido como Canhoto, foi violonista e compositor. Nasceu em São Paulo-SP a 12/02/1889 e faleceu a 07/09/1928 também em São Paulo-SP. Foi, certamente, o primeiro ídolo popular do violão e pioneiro no campo dos recitais e gravações.
Filho dos imigrantes italianos Crescêncio Jacomino e Vicencia Carpello, Américo foi autodidata no violão. Interessou-se pelo instrumento ao ver seu irmão mais velho, Ernesto, tocar. Seu pai não queria que o garoto se dedicasse ao instrumento, tendo que aprender a tocar escondido. Américo era canhoto e, dadas às circunstâncias, não pode adaptar o violão da maneira mais indicada, ou seja, inverter as cordas, como é comum. O modo inusitado de tocar - de maneira canhota, mas sem a inversão de cordas - daria o apelido que o consagraria: Canhoto. Ainda garoto, teve que trabalhar como jornaleiro e pintor de painéis até conseguir juntar dinheiro e comprar seu primeiro violão, realizando sua primeira apresentação em 1904.
Em 1913, Canhoto realiza as primeiras gravações de violão solo no Brasil, pela gravadora Odeon: a valsa Belo Horizonte, a polca Pisando na mola, o dobrado Campo Sales e a mazurca Devaneio.
Em 1916 realizou uma apresentação histórica no Salão Nobre do Conservatório Dramático e Musical, em São Paulo, importante reduto da música clássica paulistana, que acabaria lhe proporcionando o reconhecimento da crítica musical da cidade, abrindo portas para recitais por todo país. A apresentação teve, além da abertura realizada por outros músicos, uma palestra sobre a história do instrumento (com texto de um jornalista e apresentação de um poeta). Em 1919 criou um dos primeiros grupos de música caipira, o trio Viterbo-Abgail-Canhoto, mostrando mais uma vez seu pioneirismo musical.
A década de 1920 é marcada pelos constantes recitais realizados no interior de São Paulo e outras cidades do país, além das gravações. Em um dos recitais Canhoto conheceu Maria Vieira de Moraes, com que se casaria, indo mora em São Carlos-SP - cidade onde fundaria a Casa Carlos Gomes, que vendia instrumentos musicais, partituras e discos. Em 1927, de volta a capital, participou do primeiro concurso de interpretação violonística realizado em nosso país “O Que é Nosso”, promovido pelo jornal Correio da Manhã no qual ficou em primeiro lugar, com Ivonne Rebelo (de 10 anos de idade), em segundo, e Manuel de Lima, em terceiro. O concurso pretendia ser uma grande vitrine para música brasileira, conseguindo alcançar seu objetivo.
Canhoto também exercia grande atividade didática tendo mais de 200 alunos, segundo informações do jornal Folha de São Paulo. Dentre seus alunos destacamos o jovem Aníbal Augusto Sardinha, o Garoto. Juntos os dois atuaram no conjunto Turunas Paulistas que ainda tinha Armando Neves, dentre outros. Em 1927 é nomeado lançador de impostos da prefeitura de São Paulo, mas continua gravando e atuando como concertista. No ano seguinte, com 39 anos idade, faleceu Canhoto na capital paulista.
Considerado, em vida, como o maior violonista do país, Canhoto foi pioneiro nas as gravações de violão solo e nos concertos de violão, ajudando a estabelecer o instrumento na cena concertista do Brasil. Autor de “hinos” para o violão como Abismo de Rosas e a Marcha dos Marinheiros, Canhoto foi, acima de tudo um ídolo nacional cabendo a ele, com todos os louros, a alcunha dada pelos jornais cariocas depois de vencido o concurso de 1927... O Rei do Violão Brasileiro!
Discografia em 78rpm (intérprete e compositor)
(-) Beijo e Lágrimas - Odeon
(-) Acordes Do Violão- Odeon
(-) O Guarani (Antônio Carlos Gomes) - Odeon
(-) Sonsa (Osvaldo Fresedo) - Odeon
(-) Invejoso - Odeon
(-) Viola Minha Viola- Odeon
(-) Guitarra de mi Tierra - Odeon
(1913) Belo Horizonte - Odeon
(1913) Pisando na mola (Ainda Sem Compositor) - Odeon
(1913) Campos Sales (Ainda Sem Compositor) - Odeon
(1913) Devaneio (Ainda Sem Compositor) - Odeon
(1913) Saudades De Minha Aurora - Phoenix
(1913) Belo Horizonte - Phoenix
(1913) Uiára (Ainda Sem Compositor) - Phoenix
(1913) Devaneio (Ainda Sem Compositor) - Phoenix
(1913) Sempre Teu (Octávio Dutra) - Phoenix
(1918) Madrugando (Ainda Sem Compositor) - Odeon
(1918) Recordações De Cotinha (Ainda Sem Compositor) - Odeon
(1925) Marcha Triunfal Brasileira - Odeon
(1926) Abismo de Rosas - Odeon
(1926) Porque te vuelves a mi - Odeon
(1926) Uma Noite Em Copacabana - Odeon
(1926) Marcha dos Marinheiros - Odeon
(1926) A Menina Do Sorriso Triste - Odeon
(1926) Reminiscências - Odeon
(1926) Alvorada De Estrelas - Odeon
(1926) Melancolia - Odeon
(1926) Rosas Desfolhadas/Viola minha viola - Odeon
(1927) Foi embora Maria/Dengoso - Odeon
(1927) O coco de Iaiá/Santa Teresinha - Odeon
(1927) Olhos Feiticeiros/Burgueta - Odeon
(1927) Marcha Triunfal Brasileira/Reminiscências - Odeon
(1927) Abismo de Rosas
Reni
olá professor Alan. Gostei muito de ficar conhecendo a história dos mais importantes violonistas brasileiros.
Allan Sales
Oi Reni. Que bom que você gostou! Obrigado por escrever aqui. Abraço. Allan Sales - Via Musical